EDUCAR PARA A PERENIDADE
Educar deveria ser
algo fácil, que acontece ao natural. Mas não é. Não é possível se isolar dentro
de uma sala de aula. Sempre há influências do mundo externo. Não podemos fugir
de um mundo onde regras não são repeitadas, o trânsito é caótico, onde o
“vale-tudo” e o “tudo liberado” é o que vale, onde a promiscuidade não é mais
novidade.
Vivemos em uma
sociedade que imita a arte.
Não seria o
contrário? Sim, a frase original é ao contrário. “A arte imita a vida”. A frase
original é uma modificação de “A arte imita a natureza”, de Aristóteles. Mas a
mídia a inverteu. A mídia traz para dentro de casa situações e de forma tão
repetitiva que passa a parecer que faz parte da nossa realidade.
Então, sim, é a
sociedade que imita a arte. Se é que o que alguns conceitos trazidos pela mídia
para dentro de casa podem ser chamados de arte.
Um exemplo clássico
é o Big Brother, onde o povo escolhe quem sai da casa e quem “vai para o paredão”. A decisão por quem
vai ou não vai depende da afinidade. Ora, será que no mundo profissional o que
mais importa é a afinidade.
O mundo que cerca a
sala de aula é cruel, selvagem. Para sobreviver neste mundo, não basta ser
mediano ou apenas um bom profissional. Em águas rasas e mansas quase todos
conseguem navegar. Mas, não é nas águas rasas e mansas que navegam os melhores
barcos. Shakespeare já dizia que “Quando o mar está calmo, qualquer barco
navega bem”. Então, é na turbulência que os melhores se saem bem.
Gosto muito das palavras do psicólogo, dramaturgo, técnico
da área da informática, publicitário e conferencista WALDEZ LUDWIG. Ele é um
palestrante que fala muito do empreendedorismo e qualidade nas suas palestras.
É de Waldez Ludwig o conceito de que:
Serviços são intangíveis...
Não se separa a produção do consumo...
Não podem ser inspecionados...
Não podem ser devolvidos...
É
por isso que o resultado final do uso de um serviço é um SENTIMENTO. É por isso
que educadores não vendem “produtos”, .... educadores prestam um serviço. O
produto final deste serviço é um SENTIMENTO... é um SONHO.
Aliás, o SONHO é o resultado. Mas não depende exclusivamente
de nós. Depende também do aluno e da família. O tamanho do sonho vai depender
do aluno. Mas são os educadores que dão um BOM IMPULSO.
Porém, nós estamos inseridos em um mercado. E este mercado é
uma selva, é cruel. Ele nos desafia: “Decifra-me
ou te devoro.”
Aí, eu preciso lembrar novamente de Waldez Ludwig, que
sugere que “cada negócio é um palco onde
os funcionários são atores e o trabalho é interpretar. Não existe negócio sem
um show”.
Interpretar não é forjar uma imagem mas, sim, transmitir, do
fundo do coração a essência do que é um projeto pedagógico. Interpretar é
vestir a camiseta da escola e fazer dela a sua razão de ser.
Ser professor não é apenas por um emprego. Aliás, escola não
um Big Brother. Não há afinidade o tempo todo. Muitas vezes, é na desavença e
na discordância que nascem as melhores opiniões e as melhores idéias.
Professores têm um sonho em comum, um objetivo em comum: as
crianças e os jovens. E para fazer o que fazemos temos que ser competentes.
Ricardo Semler diz:
“As 3 condições sine qua non para
sobrevivência a longo prazo para empresas sobreviverem através do tempo:
1.
Capacidade de enxergar a necessidade de
mudanças a tempo, com coragem para implementá-las antes que seja tarde demais;
2.
Fazer a empresa funcionar através da
efetiva participação de seus funcionários e dar uma linha de conduta
administrativa flexível e aberta às transformações;
3.
Ter uma cultura própria e definida, que não
seja adaptada às condições do momento, mas sim PERENE em suas crenças básicas.”
Readequar-se
frequentemente às mudanças do dia-a-dia, ter a efetiva participação dos
professores e funcionários no funcionamento de uma instituição e ter uma
conduta administrativa flexível e aberta às transformações são segredos para o
sucesso da instituição escola.
O assembleísmo é
danoso à instituição e não conheço nenhuma onde o assembleísmo levou ao
sucesso. A grande massa decide pelas diretrizes e o norte que se quer dar. Mas
não pode ser responsável pela execução. A execução deve ser dada aos técnicos e
especialistas que, por sua vez, devem se basear nas diretrizes propostas pela
grande massa.
Participar do
processo pedagógico é contribuir para que as crianças e jovens tenham uma
cultura própria e definida. Isto permite aproximar-se da perenidade.
Prof. Uwe Roberto Strauss
e-mail: urstrauss@terra.com.br
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