Kaxo
“Haguara´í ha´e jaxyta.
Peteingue jê haguara´i peixa ijayvu ni peteí ndai´ipo xegui onhave
va´e he´i. Xeerei nhi´ã, anhavy ní xekane´õ va´e´y he´i haguara´i.
Ha´e rire je haguara´i oo jaxyta ropy, onha água re ijayu vy.
(...)
Não... Não houve problema na impressão da página deste artigo. O texto acima é assim mesmo e é uma parte de um texto de uma das muitas histórias contadas na Tekoá Ka Aguy Poty, Aldeia Flora da Mata de Estrela Velha/RS e conta uma história sobre um graxaim e a larva branca. É a história que foi contada por um vovô indígena guarani ao seu neto.
Histórias como esta são contadas sobre as mais diversas situações. Uma caçada a um tatu pode acontecer e, logo depois de terem almoçado o tatu, o caçador conta para os demais como foi a caçada. Todos escutam. É assim que as crianças Guarani aprendem a ouvir as histórias dos mais velhos e se interessam a fazer “mondeo” (pequena armadilha para caçar tatu, feita com um grande número de varinhas).
Estamos trazendo esta história, que foi tirada de um livreto editado pelo COMIN - Conselho de Missão Entre os Índios, setor de trabalho da IECLB – Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, alusivo à semana dos Povos Indígenas 2009, para refletir sobre como nós estamos lidando com a relação com as nossas crianças e jovens.
Neste mundo moderno, nos ocupamos tanto com o “corre-corre” para cumprir os nossos compromissos, que esquecemos de coisas simples como sentar com nossos filhos, para contar histórias, a partir de coisas básicas do dia-a-dia.
As crianças de hoje não conhecem mais brincadeiras que não ocorram a partir de um software de computador ou que não sejam “on-line” e, quando ocorrem, costumam gerar uma necessidade de “medir forçar” entre dois ou mais oponentes.
Precisamos dar mais tempo aos nossos filhos, às nossas crianças e jovens. Sabemos o que eles estão pensando, sentindo, fazendo??? Precisamos conversar mais com eles, contar nossas histórias e ouvir as histórias deles.
Aliás, precisamos ouvir mais nossos filhos e nossos jovens. Onde está seu filho agora? Com quem ele está? O que ele está fazendo?
O respeito, que tanto exigimos de nossas crianças e jovens, vem pelo exemplo. Como é que eles podem seguir o “nosso exemplo” se não damos este tempo a eles.