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terça-feira, 10 de maio de 2011

Falando de Sentimentos

     Um outro dia, entrando em um escritório, deparei com um funcionário atrás de uma máquina de datilografia. Lembrei dos jovens de hoje, que não passaram por esta fase e sequer sabem para que serve uma máquinas dessas.
     Não me considero com uma idade avançada, mas devo considerar que sou do tempo em que ainda se fazia "Curso de Datilografia". Atualmente, os equipamentos digitalizados já estão disponíveis com o recurso "touchscreen" e nem teclas tem mais, muito menos aquelas de uma máquina de escrever com os "tipos" batendo contra uma fita, para imprimir a tinta em uma folha de papel.
     Por outro lado, foi graças às aulas de "mecanografia" no 2º Grau, que desenvolvi a técnica de "datilografia", o que me permite digitar com absoluta agilidade os textos, sem olhar para o teclado e lendo diretamente de algum texto que queira copiar.
     Este é um sentimento cercado de uma certa nostalgia, coisa que há pouco tempo atrás não me permitia flagrar a mim mesmo com um sentimento assim.
     As mudanças de hoje são muito velozes e somos normalmente impedidos de acompanhar esta velocidade, pois a nossa formação exige uma reflexão maior sobre os processos. Por outro lado, hoje em dia observa-se muito mais a "embalagem" do que o conteúdo.
     É o resultado da modernidade ou, entrando um pouco mais no detalhamento de alguns observadores, é o resultado da pós-modernidade. Outros ainda diriam que isto é fruto da "globalização". Bem, isto requer uma outra análise que nos levaria a destoar do objetivo principal deste texto.
     Andamos muito rápido, precisamos apresentar cada vez mais resultados e o nosso tempo é cada vez mais curto. O resultado é a segregação da sociedade. Alguns sintomas podem ser percebidos em acontecimentos recentes: o massacre dos alunos da escola de realengo, no Rio de Janeiro; o pai que esqueceu a criança com Síndrome de Down, no carro, em Novo Hamburgo e somente lembrou quatro horas depois, quando a encontrou desacordada, etc...
     Este é o cenário no qual criamos os nossos filhos que, por sua vez, estão cada vez mais isolados e não se permitem expressar os seus sentimentos. Estamos criando verdadeiros "andróides", sem sentimentos.
     As famílias não se dão mais o tempo para o diálogo. Pais precisam dialogar com os filhos. Isto requer paciência, requer dedicação. Os filhos precisam deste tempo. Os filhos precisam falar dos seus sentimentos. Os pais precisam ouví-los.
     Falar de sentimentos não é tão simples assim. Não é tão simples, porque há sentimentos positivos, mas também há sentimentos negativos. Estes, por sua vez, também precisam ser expressos.
     Sentimentos como ódio, raiva ou inveja, entre outros, devem ser expressados, não devem ser reprimidos. Sentimentos reprimidos transformam-se em atitudes. Ninguém sente raiva por sentir. Algo provocou este sentimento. É preciso poder falar sobre ele, sob pena de transformar este sentimento em um ato provocado pela raiva sentida.
     É preciso ajudar as nossas crianças a olhar para os sentimentos sem medo e sem culpa. É preciso tempo para dedicar-se a isso. É preciso tempo para dedicar-se para as pessoas.
     Precisamos deixar de lado um pouco da velocidade e agilidade das telas "touchscreen" e voltar para o velho tempo da "datilografia", onde as pessoas davam mais tempo para o que gira ao seu redor.

Prof. Uwe Roberto Strauss