Na semana passada, em nota na internet, li que "Ministério muda ENEM para evitar o ranking das melhores e das piores escolas".
Segundo a Presidente do INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, Malvina Tuttmann, o resultado das escolas inscritas passará a levar em consideração o número de alunos inscritos e que a decisão já passa a valer para instituições que participaram do último exame, em 2010.
A medida corrige uma das distorções do ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio, o qual seja de criar um "ranking" entre as escolas.
Na verdade, este nunca foi o objetivo do ENEM. Aliás, os resultados não eram nem divulgados em forma de ranking. O ranking, na verdade, era organizado pelos meios de comunicação, por sistemas e até pelas próprias escolas.
Tem razão o MEC, quando questiona que escolas convoquem alunos destacados para participar da prova, o que não impede que os demais participem. No entanto, como o exame não era obrigatório, o número de alunos que representam outros grupos não chegava a ser expressivo.
Eu nunca fui a favor de que as escolas insistissem em utilizar o resultado dos alunos de sua escola no ENEM para um ranking, disputando espaço no mercado. No entanto, tenho que considerar que é, no mínimo, ingênuo se os meios de comunicação destacam algumas escolas pelos seus resultados e esta, por sua vez, não faz uso desta visibilidade na mídia. Neste caso, ela é natural, não é forçada.
Por outro lado, acho saudável que as escolas divulguem os seus próprios resultados, permitindo comparar-se com os resultados de outras escolas, sem um ranking e, principalmente, comparar-se consigo mesmo, avaliando uma série histórica dos seus resultados, o que permitirá verificar o seu desempenho, fortalecendo o que está bom e corrigindo o que aponta deficiências.
Vejo com bons olhos o que está sendo proposto, pelo menos em tese, considerando que ainda não conheço de que forma as medidas serão implantadas e se os mecanismos a serem adotados serão de fato confiáveis.
O ENEM é uma avaliação institucional, que permite às instituições, o seu público e o próprio governo avaliar o seu desempenho.
Como instrumento de avaliação, precisa ter o máximo de precisão, ser fidedigno e deve, obrigatoriamente, possibilitar a lisura no processo, sob pena de apontar resultados incoerentes, inadequados e colocar em risco a sua razão.
Considerando ser um instrumento de avaliação e avaliação institucional, ainda vejo com preocupação o seu uso para o ingresso no ensino superior, uma vez que os objetivos de uma avaliação institucional são diferentes de um exame de classificação, assim como a interpretação dos dados também não são iguais.
Por outro lado, usar o ENEM como instrumento de seleção para o acesso ao ensino superior não seria, também, uma forma de criar um "ranking". Só que, neste caso, é oficial (???).
Prof. Uwe Roberto Strauss